Lia, leader communautaire de la favela verte Vila Nova Esperança
- Orbital
- 2 mai 2020
- 5 min de lecture
Dernière mise à jour : 11 juin 2020
Orbital vous emmène au Brésil à la rencontre de Maria de Lourdes Andrade de Souza, plus connue sous le nom de Lia, leader communautaire d'une favela située dans l'agglomération de São Paulo et qui mène d'une main de fer la bataille contre la pandémie

Dans son ancienne vie, Lia vivait dans la région de Bahia. C'était une fleuriste reconnue et qui ne manquait de rien... mais à 29 ans elle a décidé de se séparer d’un mari violent et de refaire sa vie à São Paulo, seule avec ses enfants.
En 2003, par amour, Lia atterrit dans cette favela composée d’environ 600 familles où les habitants n'avaient ni eau ni lumière, ni adresse postale qui les identifiait comme des citoyens d'un endroit dans le monde. Les habitants y vivent dans des maisons de briques de fortune ; les services de nettoyage public n' atteignent que deux points de la favela et, quelle que soit la situation, quel que soit l'âge, ses habitants sont obligés de marcher près de deux kilomètres à pied jusqu'à l'arrêt de bus le plus proche !
En 2006 elle va se heurter aux autorités locales et prendre la défense des habitants car : «cette année-là, j'ai découvert qu'il y avait une procédure d'expulsion des familles qui étaient accusées de dégrader les lieux. En fait les autorités voulaient créer une zone de protection environnementale».
En 2011, en véritable leader elle résiste avec les habitants à «plus de 30 policiers en civil, aux coups de pieds et aux bombes au gaz poivre. Les responsables de la Compagnie de Développement de l'Habitat et ceux de la ville m'ont proposé de l'argent pour partir d'ici», raconte-t-elle.
En 2013, Lia va changer le destin de cette communauté en décidant de faire de Vila Nova Esperança une favela verte avec au cœur du projet un potager communautaire afin de sensibiliser les habitants sur l’importance de prendre soin de l’environnement. Ainsi, dans un endroit qui était auparavant plein d’ordures, aujourd’hui ce sont plus de 100 familles qui sont impliquées au quotidien notamment dans son entretien. «Le potager est né d'un besoin que nous avions. Les pouvoirs publics nous ont accusé d'avoir sali les forêts alentours. Nous avons donc décidé de leur montrer que nous pouvions vivre avec les forêts grâce à l'éducation environnementale», a déclaré Lia.
Le projet a été officiellement reconnu en 2014 lorsqu'il a reçu le prix Milton Santos décerné par la mairie de São Paulo. Classé premier dans la catégorie Consolidation des droits territoriaux et culturels Lia s'exclame «C'est une joie pour moi que la nature nous montre comment il faut vivre. On n'a pas besoin d'aller à l'université !».
Au moment où le monde est frappé par la pandémie Covid-19, au sein de la Vila Nova Esperança c’est une nouvelle fois Lia qui fait face à ce nouveau défi de taille. C’est elle qui est responsable d’organiser le confinement des familles et avec la proximité des maisons imbriquées les unes sur les autres, ce qu’elle craint c’est le premier cas qui pourrait provoquer une avalanche de malades. Ainsi, sans relâche elle passe dans les rues en voiture, micro à la main pour sensibiliser les gens à rester chez eux. Elle se démultiplie pour assurer à ses habitants, qui sont aujourd’hui pour la plupart sans emploi, de quoi se nourrir et de quoi se soigner en cas de maladie chronique.
En plus de ses responsabilités d’épouse, de mère, grand-mère, c’est elle aussi qui dirige la construction d’une maison spécialement dédiée à l'hébergement d’habitants qui présenteraient des symptômes, afin de les mettre en quarantaine.
Tous ces défis quotidiens auxquels Lia fait face, c’est avec l'amour du prochain qu’elle y répond «C’est l’amour qui m’anime, c’est l’amour qui changera le monde ! » et ce dont elle est sûr c’est que sans argent, elle a déjà réussi à améliorer la vie de nombreuses familles et que ce nom, la Vila Nova Esperança fait rêver ses habitants et bien plus…
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A Fundação Orbital leva você ao Brasil para conhecer Maria de Lourdes Andrade de Souza, mais conhecida como Lia, líder comunitária de uma comunidade localizada na região metropolitana de São Paulo, que lidera a batalha contra a pandemia com mão de ferro.
Antes de chegar a São Paulo, Lia viveu no estado da Bahia. Ela era uma florista conhecida e não lhe faltava nada... mas aos 29 anos decidiu separar-se de um marido violento e começar uma nova vida longe dali, sozinha com seus filhos.
Em 2003, por amor, Lia desembarcou em São Paulo, indo viver nesta comunidade, composta por cerca de 600 famílias, que na época, não tinham água nem luz, nem endereço postal que os identificassem como cidadãos de um lugar no mundo. Os habitantes vivem em casas de tijolos improvisados; os serviços públicos de limpeza atingem apenas dois pontos da comunidade e, qualquer que seja a situação, qualquer que seja a idade, seus habitantes são obrigados a caminhar quase dois quilômetros até a parada de ônibus mais próxima!
Em 2006, ela se deparou com as autoridades locais e tomou a defesa dos moradores, sendo mais de 600 famílias porque " Naquele ano, descobri que havia uma ordem para despejar as famílias, que estavam sendo acusadas de degradar o local. Na verdade, as autoridades queriam criar uma zona de proteção ambiental".
Em 2011, como uma verdadeira líder, ela resistiu com os habitantes a mais de 30 policiais à paisana, chutes e bombas de spray de pimenta. "Os funcionários da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e os funcionários da cidade me ofereceram dinheiro para sair daqui", diz ela.
Em 2013, Lia inicia um projeto que mudaria o destino desta comunidade ao decidir transformar a Vila Nova Esperança em uma Comunidade Verde, com início de uma horta comunitária no coração da Vila, a fim de conscientizar os habitantes sobre a importância de cuidar do meio ambiente. Assim, em um lugar que antes estava cheio de lixo, hoje mais de 100 famílias estão envolvidas diariamente, especialmente na sua manutenção. "A horta nasceu de uma necessidade que tínhamos. As autoridades nos acusaram de termos sujado as florestas vizinhas. Então, decidimos mostrar a eles que poderíamos viver com as florestas através da educação ambiental", disse Lia.
O projeto foi reconhecido oficialmente em 2014, quando recebeu o Prêmio Milton Santos da Prefeitura de São Paulo. Classificada em primeiro lugar na categoria de Consolidação dos Direitos Territoriais e Culturais a Lia exclamou "É uma alegria para mim que a natureza nos mostre como viver. Nós não precisamos ir para a universidade".
Numa época em que o mundo está sendo atingido pela pandemia da Covid-19, na Vila Nova Esperança é mais uma vez Lia que enfrenta este novo desafio. É ela a responsável por organizar o confinamento das famílias e com a proximidade de casas aninhadas umas sobre as outras, o que ela teme é que haja o primeiro caso que possa causar uma avalanche de pessoas doentes. Assim, ela dirige incansavelmente pelas ruas, microfone na mão para sensibilizar as pessoas a ficarem em casa. Ela está se esforçando para garantir que seus habitantes, em sua maioria agora desempregados, tenham alimentos e remédios suficientes para tratar doenças crônicas.
Além das suas responsabilidades como esposa, mãe e avó, ela também está liderando a construção de uma casa especialmente dedicada a acomodar moradores que apresentam sintomas, a fim de colocá-los em quarentena.
Todos esses desafios diários que Lia enfrenta, é com amor ao próximo que ela responde: "É o amor que me impulsiona, é o amor que vai mudar o mundo!" E o que ela tem certeza é que sem dinheiro, ela já conseguiu melhorar a vida de muitas famílias e que esse nome, Vila Nova Esperança, faz seus habitantes sonharem e muito mais...
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